A identificação do paciente durante sua jornada em hospitais é um conhecido requisito para a promoção da sua segurança. O que talvez não seja de conhecimento amplo é que essa mesma exigência também é recomendada quando o cuidado da saúde é realizado em instituições de porte menor.
Veja nesse artigo a abrangência do protocolo de identificação de pacientes e os cuidados que sua organização deve ter ao acolher os pacientes.
Abrangência
O Protocolo de Identificação de Pacientes constitiu importante meta do Programa Nacional de Segurança do Paciente implantado no Brasil em 2014.
Qual a abrangência do Protocolo de Identificação de Pacientes (Ministério da Saúde/Anvisa/FioCruz)? O protocolo deverá ser aplicado em todos os ambientes de prestação do cuidado de saúde (por exemplo, unidades de internação, ambulatório, salas de emergência, centro cirúrgico) em que sejam realizados procedimentos, quer terapêuticos, quer diagnósticos.
Note que a abrangência inclui instituições que realizam procedimentos terapêuticos e/ou diagnósticos.
Também o mesmo protocolo recomenda que a identificação de todos os pacientes (internados, em regime de hospital dia, ou atendidos no serviço de emergência ou no ambulatório) deve ser realizada em sua admissão no serviço através de uma pulseira.
Desse modo, fica claro que a identificação do paciente deve ocorrer não apenas em sua jornada num hospital, mas também eventualmente em clínicas, ambulatórios, hospitais dia ou centros-cirúrgicos.
Identificar pacientes promove a segurança
É também válido considerar a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) da Anvisa n° 36/2013, que institui ações de Segurança do Paciente em Serviços de Saúde. As recomendações contidas nesse documento enfatizam aspectos como cultura de segurança, gestão de risco e tecnologias em saúde.
– cultura da segurança: conjunto de valores, atitudes, competências e comportamentos que determinam o comprometimento com a gestão da saúde e da segurança, substituindo a culpa e a punição pela oportunidade de aprender com as falhas e melhorar a atenção à saúde;
– evento adverso: incidente que resulta em dano à saúde;
– gestão de risco: aplicação sistêmica e contínua de políticas, procedimentos, condutas e recursos na identificação, análise, avaliação, comunicação e controle de riscos e eventos adversos que afetam a segurança, a saúde humana, a integridade profissional, o meio ambiente e a imagem institucional;
– incidente: evento ou circunstância que poderia ter resultado, ou resultou, em dano desnecessário à saúde;
– núcleo de segurança do paciente (NSP): instância do serviço de saúde criada para promover e apoiar a implementação de ações voltadas à segurança do paciente;
– segurança do paciente: redução, a um mínimo aceitável, do risco de dano desnecessário associado à atenção à saúde;
– tecnologias em saúde: conjunto de equipamentos, medicamentos, insumos e procedimentos utilizados na atenção à saúde, bem como os processos de trabalho, a infraestrutura e a organização do serviço de saúde.
Referente ao Plano de Segurança do Paciente em Serviços de Saúde a resolução inclui outros aspectos.
– implementação de protocolos estabelecidos pelo Ministério da Saúde;
– identificação do paciente;
– segurança cirúrgica;
– segurança na prescrição, uso e administração de medicamentos;
– segurança na prescrição, uso e administração de sangue e hemocomponentes;
– segurança no uso de equipamentos e materiais;
– prevenção de quedas dos pacientes;
– prevenção de úlceras por pressão;
– prevenção e controle de eventos adversos em serviços de saúde, incluindo as infecções relacionadas à assistência à saúde.
É verdade que a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) da Anvisa n° 36/2013 excluiu do seu escopo os consultórios individualizados, laboratórios clínicos e os serviços móveis e de atenção domiciliar. Embora sua aplicação direta seja em ambientes que tenham o Núcleo de Segurança do Paciente – NSP, apresenta relevantes conceitos de segurança que podem nortear decisões de gestores de saúde de várias organizações. O ponto em questão é a prevenção e a redução de incidentes e eventos adversos.
A segurança do paciente poderia ser, por exemplo, afetada em um laboratório clínico. Erros laboratoriais podem acontecer por conta de falhas na identificação do paciente.
Sem dúvida promover a cultura da segurança em todos os estabelecimentos que prestam serviço de saúde é essencial para a melhor qualidade no atendimento.
Como identificar os pacientes
O já mencionado Protocolo de Identificação de Pacientes recomenda o uso de pulseiras para identificar pacientes.
– para assegurar que todos os pacientes sejam corretamente identificados, é necessário usar pelo menos dois identificadores em pulseira branca padronizada, colocada num membro do paciente para que seja conferido antes do cuidado;
– Confirmar a identificação do paciente antes do cuidado.
A confirmação da identificação do paciente será realizada antes de qualquer cuidado que inclui:
A administração de medicamentos;
A administração do sangue;
A administração de hemoderivados;
A coleta de material para exame;
A entrega da dieta;
A realização de procedimentos invasivos.
Aspectos relacionados a cor da pulseira também são indicados.
– A pulseira usada para a identificação do paciente deve ser de cor branca;
– Pulseiras coloridas de alerta ou etiquetas não devem ser utilizadas como identificadoras do paciente, devido ao aumento dos riscos de erros de identificação.
Fortaleça a segurança do paciente
Como destacado neste artigo a identificação de pacientes é essencial para segurança no atendimento. Seguir o Protocolo de Identificação de Pacientes faz parte de uma cadeia de ações que contribuirá para sua melhor jornada no estabelecimento de saúde.
Em 2017, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e a Organização Pan-americana de Saúde (OPAS) com apoio do Programa Nacional de Segurança do Paciente lançaram o Laboratório de Inovações e Reconhecimentos de Boas Práticas sobre Segurança do Paciente na Saúde Suplementar. A edição teve o tema: Mudanças Culturais para a Segurança do Paciente. É interessante que o Laboratório de Inovação considerou práticas realizadas em hospitais, maternidades, clínicas, consultórios e serviços de apoio à diagnose e terapia de todo o Brasil. Os trabalhos selecionados receberam certificado com reconhecimento de qualidade.
Sem dúvida, gestores e profissionais de saúde também são atores importantes no processo de melhorias em segurança dos pacientes. Iniciativas neste sentido podem ir além da sensibilidade provocada pela existência de leis ou protocolos. A saúde do paciente está acima disso.
Em que nível de excelência sua organização está quanto a promover com eficiência a segurança através da correta identificação dos pacientes?
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